segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Relações duradouras...




Por que será que, a cada dia que passa, fica cada vez mais difícil acreditar na longevidade das relações?
Nos dias de hj trocamos "as coisas" com extrema rapidez e facilidade. Um telefone celular, por exemplo: qdo compramos um novo, a gente cuida como se fosse a coisa mais importante do mundo. Demoramos dias pra tirar aquele plastiquinho que protege o display, de hora em hora nos pegamos freneticamente esfregando o aparelho contra o peito para deixá-lo com o mesmo aspecto de quando o vimos pela primeira vez na vitrine da loja e passamos a olha-lo, a cada minuto, como se estivéssemos contemplando uma obra de arte... 
Passadas algumas semanas, já não damos a menor atenção pro "cara". "Nessas alturas" o plastiquinho já foi, os riscos que antes nos deixavam de coração partido já não fazem a menor diferença e passamos a atira-lo nas bolsas ou mochilas, até com certo desdém. 
Será que não é assim que a maioria das pessoas trata das suas relações?
Será que estamos passando a exergar o outro como "coisas"?

Os tempos modernos estão deixando de lado os valores que nós um pouco mais velhos tinhamos como premissa fundamental? 

Os seus avós tiveram qtas relações durante a vida?
Vc já parou pra contar qtas vc teve?
Obs: Leiam abaixo, por favor, o comentário do meu querido amigo Edinho Godoy. Ele sugere uma reflexão interessantemente importante acerca deste assunto.


Quantos casais de amigos vc tem, cuja relação seja tão perfeita a ponto de vc apostar tudo o que tem, na sua mais absoluta convicção, de que eles estarão juntos "até que a morte os separe"? Difícil, não é? São poucos, muito poucos... 
Tenho recebido com triste recorrência, assutadoras notícias de casais incríveis se separando, muitos deles precocemente. Aí dizemos: "Como assim? Eles eram perfeitos juntos? O que pode ter acontecido? camo farão pra viver um sem o outro".

O que pode ter acontecedido é o que está acontecendo com a nossa sociedade. Não estamos preparados emocionalmente para tantas evoluções ou revoluções. Na verdade, estamos todos perdidos e cegos num mundo cada vez mais desconhecido e perigoso.


E como certa vez disse o escritor português José Saramago, com toda a inteligência que lhe é peculiar: "O homem é um bicho de uma asa só, precisa do outro pra voar. Se bater asa sozinho, vai ficar girando em círculo e não sairá do lugar".









3 comentários:

  1. Não sei se concordo com Saramago, mas é ótimo ter alguém ao lado pra bater asas junto. Reflito muito sobre isso, e acho bem difícil avaliar o quanto mudaram os relacionamentos e o quanto mudaram as pessoas. Acho que muitos dos casamentos duradouros de antigamente se mantiveram às custas de pessoas oprimidas, que por medo ou imposição cultural e religiosa, mantiveram-se insatisfeitas dentro de uma relação, infelizes até. Em outro momento, enxergo como muito possível a aplicação de algumas fórmulas para tornar a vida a dois longa e duradoura sem perder o viço. Tô vivendo e tentando aprender melhor sobre tudo isso. Beijo grande, meu irmão!

    Edinho.

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  2. A vida em si, tornou-se muito prática e descartável. As pessoas tratam-se como coisas sim, uma hora eu quero outra não quero mais. Ótima a comparação com o celular. O celular quando chegou ao Brasil custava cerca de R$ 2.000, hoje aparelhos muito mais modernos (claro) e por este mesmo valor são dados aos consumidores pela prática da fidelidade, mais você usa mais eu te dou, e com as pessoas como funcionaria, quanto mais você me usa eu te dou o que? Um filho ou um pé na bunda..Próximo...a pior expressão dos últimos anos é, a fila anda..anda sim, anda para a falta de sensibilidade e respeito com o próximo...
    Gui

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  3. Feliz de quem nunca se pegou pensando em como é difícil manter os laços... Mas é infelizmente um fenômeno social. Zygmunt Bauman, sociólogo, descreve muito bem nossos tempos como "líquidos". As relações se dissolvem, e não somente as românticas, mas as afetivas em geral, que incluem até mesmo a forma com que tratamos desconhecidos. Segundo Bauman, o consumismo chegou a tal ponto que tratamos as pessoas como produtos, então, como prometer constância se as prateleiras da vida sempre nos apresentam novidades? A sociedade prioriza o desejo de consumir, que uma vez satisfeito está aniquilado. Eu ainda acredito quem nem tudo está perdido... Os laços podem sim ter se fragilizado, as pessoas podem nos tempos contemporâneos estar mais egoístas e independentes, mas todos querem o conforto de realmente ter com quem dividir reflexões, inquietações, risos, prantos, medos e conquistas! A quem se interessa, recomendo o Bauman: Tempos Líquidos, Amor Líquido e Vidas para Consumo... ele tem vários outros, mas esses tratam mais especialmente dessa reflexão.
    Beijo
    Pat

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